Rita, Manuela, Aline e Maria Flor:
Vocês estão aqui, nascendo e
crescendo com o tempo. Descobrindo coisas novas com o passar das horas e dos
dias. Juntas com as mães de vocês, estão se abrindo ao mundo e eu estou
observando daqui: a terra tão próxima e tão distante dos likes, mensagens e fotos.
Vocês são muito novas e pequenas e perto dessa experiência já me sinto até
velha. Quando puderem ler esse texto e criar uma interpretação própria, talvez
eu já tenha mais de 40. Ainda tenho 26. Meu aniversário foi há pouco tempo e
diante de todas as reflexões, uma das coisas que decidi fazer foi voltar a
escrever nesse espaço.
Eu não sei exatamente qual metáfora
brega usar, mas voltar a escrever talvez seja algum tipo de renascimento e por
isso dedico a vocês esse retorno. Fiquei pensando em como poder contar um pouco
das coisas que aprendi até aqui. Não pensem que o intuito é prepará-las para
alguma coisa, pois logo vão descobrir que nem uma biblioteca inteira nos
garante sabedoria para encarar a vida. Na tentativa de compartilhar, espero que
carreguem com carinho minha leitura de um mundo que muda muito rápido, mas de
forma cíclica e desafiadora.
Como já devem saber, sou uma
jornalista com alma indignada e pretensão de escritora frustrada. Outra coisa
que já devem ter contado é que sou movida a utopias. Espero ainda ser daqui um
punhado de anos, nessa leitura. Utopia meninas, não é um mundo de flores e paz,
mas um mundo justo sem tanta desigualdade e opressão. Aqui de 2017 eu falo de
um coração jovem, que pulsa ao som de vozes femininas que precisam gritar que a
luta e o afeto são necessários todo dia.
Pequena Princesa - Pris Lo Colagens |
Nós nascemos meninas, somos
mulheres e é claro que eu preciso falar disso para vocês. Nossa estrada será
sempre diferente, com alguns percalços específicos e talvez trajetos mais
longos do que nos dizem. Nenhuma de nós estará preparada o suficiente para
entender de imediato o que isso significa, mas aos poucos a gente vai se descobrindo.
Mais do que falar do que nos dói, acho que é necessário dizer da experiência.
Cada uma de vocês já carrega
uma história muito potente antes mesmo de nascer, por isso peço: olhem para
suas mães. Mas olhem com o olhar de quem precisa escutar. Sei que existe uma fase
em que a gente acha que elas não entendem nada e que são muito diferentes de
nós. Mas acreditem, nem o maior dos abismos geracionais pode nos distanciar de
quem já fomos antes de sermos o agora. Elas carregam histórias que talvez nunca
nos contem se não perguntarmos.
Sabe, acho que quando viram
mães, as mulheres são colocadas em um lugar meio sagrado e intocável que
precisamos desconstruir. Nossas mães são mulheres e ponto. Quando passamos a
enxerga-las assim, nos enxergamos melhor. Entendemos um pouco dos erros e
acertos e das falhas e sabedorias mais doloridas e humanas que existem nelas e
em nós. Acho que é essa minha primeira dica de tia, se aproximem de suas
histórias e de quem foram essas mulheres antes de colocarem nelas esse rótulo de
quem só padece no paraíso. Estou começando a entender isso agora e acho que se
fosse antes teria evitado algumas dores adolescentes.
Ah, a adolescência! Essa
fase da vida é um pouco difícil para a maioria, e a cada dia que passa sinto
mais que querem acabar com ela exigindo de nós um salto sem cordas para a fase
adulta. Claro, quando eu tinha 14 também queria ter 18 porque achava que ter 18
significava poder fazer tudo. A verdade é que cada uma de nós terá um processo
e por mais turbulenta que as coisas estejam, precisamos viver todos os nossos
questionamentos e dúvidas.
Não deixem que exijam de
vocês serem qualquer coisa que não queiram ser. Muitas vezes a vida é dura com as meninas e ousam até dizer que nós “amadurecemos mais cedo”. Não,
nós somos mais responsabilizadas mais cedo desde sempre, e essa carga nos faz
dar conta ou não do peso de alguma forma, mesmo que tenhamos que chorar
escondidas enquanto aplaudem nossa “maturidade”. Não é fácil entender esse jogo,
eu sei.
Não se importam com as
formas de nossos corpos ou nossas inseguranças mais secretas. Se o mundo lá
fora decidir que vai nos tratar como mulheres, seja aos 17, 15 ou 12, assim
será. Individualmente, não se cobre qualquer feminilidade que te anule ou
incomode. Lute pela garota que você precisa ser hoje, mesmo que amanhã você
mude de ideia.
Acho que foi nessa época que
comecei a perceber que as coisas não são iguais para todas e tantas diferenças quase
sempre nos distanciam. Percebam o mundo fora de suas casas e o quão
privilegiadas vocês podem ser apenas por uma cor de pele diferente. Se esforcem
para entender umas às outras, e se questionem sobre quem leva vantagem quando
competimos entre nós por beleza ou atenção.
Nesse curto espaço de tempo
entre os 16 e os 26, por exemplo, a gente aprende muito. Coisas que parecem simples
como respeitar nossas vontades, desejos e limites tornam-se uma batalha interna
feroz na juventude. Falar um “não” sem sentir culpa é uma vitória diária
quando se é mulher. O “cair da ficha” chega em momentos distintos para cada
uma, mas eu tenho certeza que estamos construindo um caminho para que esse tipo
de coisa seja cada vez mais natural para nós.
Mergulhem em quem vocês precisam ser de verdade. É um mergulho
solitário, mas fundamental. Mergulhe em si e chegue o mais fundo que puder
sozinha. Não tenha medo de estar sozinha nisso. Ser mulher representa muita
coisa que ainda estamos descobrindo e transformando.
Vocês terão que brigar por
direitos, reconhecimento, espaço e voz. Será desgastante e consumirá tempo e
energia. Por vezes precisarão desistir ou fingir que não estão cansadas, mas
sempre haverá um “mas”. Nós somos múltiplas e existe muita potência dentro de
cada aprendizado. Nunca deixem de olhar para dentro. Olhem-se no espelho de
manhã, vistam-se como quiserem e dispam-se todo dia de alguma forma. Qualquer
avanço só acontece se estivermos juntas, mas as evoluções internas são
solitárias e tão necessárias quanto as grandes revoluções. Sejam livres e bem-
vindas!
Com todo amor do mundo,
Jéssica
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