24 de agosto de 2016

#Vote em Mulher:Conheça Natália Marques



"As mulheres agora tem mais liberdade". Mas se fazem uso dela, continuam sendo julgadas em praça ou timeline pública. "As mulheres agora são maioria na universidade". Mas continuam ganhando menores salários que os homens com mesmo nível de graduação. "As mulheres possuem liberdade sexual". Mas continuam sendo estupradas, mortas e abusadas pelo outro sexo. "As mulheres agora podem gritar por seus direitos''. Mas pagam o preço de serem perseguidas, silenciadas e chamadas de loucas. "As mulheres agora são até presidentes". "Presidentas! Mas golpeadas diariamente até cair, por mídias sexistas e congressos machistas e conservadores''.
Diante de um cenário político nacional conturbado e de cada vez mais ameaças e retrocessos aos direitos das minorias, cidades do Brasil inteiro se preparam para as eleições municipais 2016. A menos de dois meses da decisão, uma das urgências ao se debater a renovação do legislativo é a falta de representatividade de mulheres. A hegemonia masculina, branca e heteronormativa na política fomenta ainda mais as opressões vividas por mulheres, negros e lgbtts no cotidiano. Essa  hegemonia torna-se evidente ao contabilizarmos o números de mulheres comandando as capitais do país. Apenas uma.Todas as capitais são governadas por homens, com exceção de Boa Vista, em Roraima, administrada por Teresa Surita (PMDB) pela quarta vez. É isso mesmo que você leu, apenas uma capital é governada por mulher, mas uma mulher de direita.
Entre as 50 cidades mais populosas, só duas possuem prefeitas, e também foram eleitas por partidos de direita. Ribeirão Preto, com Darcy Vera (PSD), e Campos dos Goytacazes, com Rosinha Garotinho (PR).
Segundo dados do Governo Federal, somente 13% das cadeiras são ocupadas por mulheres nos parlamentos locais e na Câmara dos Deputados, apenas 10%  são mulheres.
As mulheres representam mais da metade da população brasileira, 52% da população, segundo o IBGE. Percebe que a conta não bate?
As próximas eleições são uma oportunidade de começar a  virar o jogo e votar em quem realmente representa a cara do Brasil:  mulheres de luta. Chefes de família, trabalhadoras, as universitárias cotistas que tanto incomodam, mães, mulheres lésbicas e tantas outras brasileiras. Para alavancar a campanha dessas mulheres e mostrar que elas estão sim no páreo, mesmo sem grandes financiamentos e visibilidade, o Desvio Livre lança a #voteemmulher e começa a partir de hoje te apresentando candidatas de esquerda que fazem a diferença. Nossa primeira entrevistada é Natália Marques, candidata a vereadora pela REDE Sustentabilidade em Ribeirão Preto, São Paulo.

"Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida." Simone de Beauvoir (escritora feminista)



Trajetória

Eu sou Natália Marques, 28 anos, cientista social, cantora e agente social no bairro onde moro. Minha trajetória começou com trabalho de base na comunidade onde moro desde muito jovem, junto ao meu pai. Passei por vários trabalhos sociais junto a ONGs, trabalhos com famílias carentes e em situação de rua e hoje trabalho mais perto das comunidades de ocupação dentro do bairro Jardim Aeroporto e na luta por dignidade, seja em moradia, transporte, saúde e  em que a população precisar.




Qual sua relação com a política até sua candidatura?

Acredito que minha relação com a política começou a partir do momento em que entendi quem eu sou e o que tenho que fazer. Surgiu um desejo de mudar a estrutura engessada e desigual, atualizar a política que temos e isso colaborou para minha escolha de curso na faculdade. Durante esse período até aqui, aproximei-me de um vereador da cidade, assisti seus posicionamentos e suas ações e estive mais presente na Câmara e mais ligada nas ações da Prefeitura. A proximidade com os movimentos sociais da cidade me ajudou muito nos passos que dei.









Por que você decidiu se candidatar a vereadora?

Porque acredito que minha candidatura é a forma prática de executar as mudanças que almejo, com uma força mais exponencial. É preciso que ocupemos a política e os espaços públicos. 


Qual a importância da representatividade de mulheres negras ocupando cargos legislativos?

Hoje não temos muitas mulheres na Câmara Municipal, muito menos negras e jovens. Acredito que as mulheres precisam ocupar espaços políticos. Acredito ser mais que fundamental ter essa representatividade, garantir não somente espaço de fala, como também dar força à luta de direitos das mulheres negras.


Como você enxerga o cenário atual de participação das mulheres na política brasileira?

Há mais atuação de mulheres na política no Oriente Médio do que no Brasil! Temos apenas 9% de representação feminina entre Câmara e Senado. Sem dúvida a participação da mulher na política traz humanização nos processos.



Quais os projetos de base da sua campanha/candidatura?

Eu apoio projetos e pautas locais da comunidade onde atuo, não me limitando a esse território. Meu amor pela cidade me faz querer ter um olhar amplo. Meu principal projeto é construir um mandato colaborativo, com uma espécie de conselho no mandato, onde, juntos, pensaremos projetos e decisões para a cidade. Fiscalização das ações da Prefeitura, viabilização para dar mais voz aos cidadãos e ampliar o olhar de cuidado com a cidade, descentralizando o poder e tornando mais participativos os processos políticos. 


Como é construir uma campanha sem grandes verbas?

Um desafio, mas não é impossível! Leva-nos a sermos mais simples, criativas e transparentes. Aumenta o contato olho-no-olho com as pessoas que nos cercam, torna mais divertidos e humanos os relacionamentos, dentro e fora do período eleitoral, e possibilita a troca de ouvir e falar, abraçar e ser abraçado. É uma experiência única!


Por que você acha que a Câmara de Ribeirão Preto precisa de renovação política?

Temos, na Câmara, um parlamento engessado. Não todos, mas boa parte dos vereadores que estão ali, travam bons projetos de cidade e abençoam as loucuras da gestão atual. Existem muitos jovens, homens e mulheres com interesses reais em fazer a cidade caminhar e ser mais justa, sustentável e, por isso, acredito que, depois de tantos anos acreditando em pessoas que provaram que não merecem mais a nossa confiança, agora é hora de mudar. Ribeirão Somos Nós!


Quem são as mulheres que te inspiram?

Muitas mulheres são minha inspiração, não há como não citar nomes como Marina Silva, Heloisa Helena, Erundina, Malala Yousafzai, Michele Obama, Rosa Parks, Angela Davis, entre outras. Porém, existem aquelas que não são conhecidas, a quem não posso deixar de admirar também: Minha mãe Marlene e minha avó Iolanda, Cidinha, Adria (militante da Casa da mulher), Jackeline Sarah, minhas tias Joana e Ana Maria, e muitas outras, mulheres únicas e fonte de muita inspiração.


Recado de Natália:

Existem muitas pautas a serem abordadas, pois a cidade sangra a alguns anos. Acredito que é imprescindível que não somente a problemática seja trazida, mas, também, pensadas as soluções para cada uma e isso precisa ser feito de forma coletiva. Cada cidadão precisa ter consciência de que política não se faz sozinho e participar ativamente da construção de uma cidade melhor. A cidade precisa tomar nas mãos o seu destino, para que a população tenha uma vida mais digna.


Curta  Natália Marques no facebook e clique aqui para acompanhar o Desvio LIvre no face.

Nenhum comentário:

Postar um comentário